Equipe brasileira é finalista em competição internacional de monitoramento da biodiversidade por drones e robôs
25 de agosto de 2023
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Uma equipe brasileira com cerca de 50 profissionais, entre eles oito alunos de pós-graduação e pós-doutorado da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), ambos da USP, está classificada para a grande final do XPrize Rainforest, competição internacional com foco em tecnologias inovadoras para monitoramento, catalogação e conservação da biodiversidade das florestas tropicais do planeta.

Os alunos da EESC e do ICMC compõem a equipe de robótica do time brasileiro – o Brazilian Team – que conta também com ecólogos, botânicos, taxonomistas, engenheiros ambientais e especialistas em bioinformática e em DNA ambiental no desenvolvimento de soluções que atendam a proposta da competição.

“Buscamos criar novas tecnologias para identificar a biodiversidade das florestas tropicais em todo o mundo. Para isso, desenvolvemos drones capazes de coletar galhos no topo de árvores, além de robôs móveis para coletar serapilheira, ou seja, matéria orgânica de origem vegetal e animal que se acumula sobre o solo, para serem analisadas através de DNA ambiental. Sensores para monitoramento de dossel, instalados por drones, também fazem parte das inovações que temos desenvolvido e que puderam ser destacadas ao longo da competição”, explica Marco Henrique Terra, professor da EESC e coordenador do grupo de robótica do desafio da XPrize.

Além dos drones, o projeto dos competidores brasileiros integra conhecimentos e ferramentas já existentes, como dispositivos de bioacústica e sequenciadores portáteis de DNA, utilizando inteligência artificial e outras técnicas para desenvolver tecnologias e um protocolo que garantam rapidez e replicabilidade aos estudos sobre a biodiversidade das florestas tropicais. A proposta é que essas tecnologias e protocolo, baseados em metodologia científica e que possibilitam comparações entre diferentes ambientes, sejam de alta precisão, de baixo custo e de fácil utilização por não especialistas, de modo que as pessoas identifiquem plantas e animais de forma rápida e precisa.

Além dos alunos da EESC e do ICMC, integram o Brazilian Team, com apoio da Fealq/USP, cientistas e técnicos científicos da UNESP, Unicamp, UFSCar, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, UNITAU, Pl@ntNet (Cirad, Inria), CNRS, ENS, Pinheiro Neto Advogados, SIMA, RBMA e umgrauemeio, assim como especialistas da França, Colômbia, Espanha, Portugal, EUA e Bélgica.

Para o professor Terra, o avanço da equipe brasileira já representa uma importante vitrine para o segmento. “A EESC e pesquisadores do ICMC, liderados pela professora Roseli Francelin Romero, estão fornecendo os conhecimentos necessários em robótica para a nossa equipe, Brazilian Team. Participaremos de um evento na Índia, Nova Delhi, chamado Impact-G20X, que reunirá cerca de quarenta startups do mundo todo para troca de experiências, inclusive com agentes financiadores de startups de vários países. Trata-se de um evento paralelo ao encontro do G20, e as equipes finalistas do XPrize Rainforest Challenge têm sido consideradas startups com bom potencial para gerar inovação, o que nos joga um importante holofote nesse tema”.

Mais sobre a XPrize

A competição teve início em 2019 com 800 equipes de todo o mundo, até chegar, atualmente, às seis equipes finalistas. Além do Brazilian Team, há três equipes dos Estados Unidos, uma da Suíça e uma da Espanha.

Na final, a ser realizada em 2024, cada equipe terá que explorar uma floresta tropical a ser escolhida ao redor do mundo durante 24h, apenas com robôs móveis e drones. A equipe que conseguir catalogar a maior biodiversidade contida em 100 hectares de floresta tropical em 24 horas e fornecer as ideias mais impactantes em 48 horas leva um prêmio de US$ 5 milhões. A segunda colocada receberá US$ 2 milhões e a terceira ganhará US$ 500 mil.

Enquanto a final não chega, os seis finalistas dividem um prêmio de 2 milhões de dólares (cerca de 330 mil dólares para cada), para dar sequência ao desenvolvimento de seus projetos.

De acordo com a organização da competição, o objetivo maior não é o uso da tecnologia para uma espécie de inventário da fauna e da flora, mas fazer com que essa documentação da biodiversidade seja interpretada e seus benefícios sejam comunicados e entendidos por todo o mundo.

 


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